sábado, 19 de fevereiro de 2011

Manchas

O tempo estava agradável, frio como gosto. O cheiro de fumaça e mofo impregnava as paredes daquele quarto. Ela entrou, sabia o que estava prestes a dizer. Ao invés de palavras saírem de sua boca, lágrimas saíram de seus olhos. Sem porquês, chorei ao som de seus soluços. Não consigo perdoar, talvez porque sou desprovido de sentimentos e como já me disseram, possuo “coração de pedra”. Para mim aquelas lágrimas eram de arrependimento falso e a raiva dominou cada célula do meu corpo, e nesse momento ela percebeu que em minhas mãos estava uma faca. Ela implorou, ajoelhada aos meus pés pelo meu perdão. Esse gesto provara o quanto ela não me conhecia. Nesse instante, dominado pela fúria, enfiei a afiada faca em seu peito, até encostar seu coração. Minha menina, minha vida estava morta diante de mim. Sentia-me orgulhoso. Mentiras são agora, pequenas manchas de sangue espalhadas em minha memória.

Um comentário:

  1. Ooooow, excelente lindo! O mais interessante é que quando se está na metade nao se espera o final que escreveu!

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